quinta-feira, 19 de março de 2009

Médicos maltratam pacientes em maternidade e no Huse

Texto: Janaína Cruz

“Vá para casa arrumar dinheiro para comprar o caixão do seu filho”. Foi assim que uma médica da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, em Aracaju, explicou a uma adolescente de apenas 16 anos que a má formação do bebê não permitiria que ele sobrevivesse. Já no Hospital João Alves Filho, no último sábado à noite, pacientes ficaram impressionados com o nervosismo de um ortopedista, que falou palavrões e disse que o local era um verdadeiro inferno. Os dois casos deverão ser levados à Ouvidoria.

A adolescente grávida procurou a maternidade pela primeira vez no dia 26 de dezembro. Na ocasião, ela foi atendida por uma médica que ao observar os exames mandou, de modo muito frio, que a paciente comprasse o caixão de seu filho. A garota voltou à maternidade no dia 11 de março, quando foi bem atendida, e ontem pela manhã, estava novamente no local, onde tomou uma injeção para que o trabalho de parto fosse iniciado. Provavelmente, a parturiente seria transferida para a Maternidade Santa Izabel, já que a gravidez não é considerada de risco.

Segundo a assessoria da maternidade, pelo que foi conversado com a adolescente, realmente houve uma grande falta de sensibilidade da médica, que de forma muito seca e dura disse que se o bebê chegasse a nascer, sobreviveria apenas dois dias por conta da má formação. “Ela ficou emocionalmente muito abalada. Por ser evangélica, tem fé que o bebê vai viver. Encaminhamos ela para a Ouvidoria, para que a queixa seja registrada e a denúncia passará por uma comissão”, explicou Beth, assessora de comunicação da maternidade.

Já no Hospital João Alves Filho, o péssimo atendimento de um ortopedista, no sábado à noite, foi presenciado e vivido pela cozinheira Márcia Regina Gomes. Ela e o filho de 19 anos, sentiam fortes dores nas costas e procuraram inicialmente, o Hospital Nestor Piva, na avenida Maranhão. Lá foram informados que não poderia ser feito raio X, porque tinha acabado o plantão do ortopedista. Então, mãe e filho foram encaminhados para o Hospital João Alves Filho.

“Logo que a gente chegou, lá fomos abordados por um guarda da Sacel, muito mal educado que não permitiu que meu neto de 11 anos entrasse com a gente. Ele ficou sozinho no estacionamento enquanto a gente aguardava o atendimento”, contou Márcia. Ao chegar ao consultório do ortopedista, ela disse que ficou impressionada com a falta de educação do médico, que reclamou o fato de uma senhora ter dado a vez para um rapaz que sentia dores no pescoço. “Vou atender, mas fique à senhora sabendo que nesse C... vai ficar por último”, bradou o médico segundo Márcia.

Os pacientes começaram a se revoltar e o médico chamou dois guardas da Sacel, que ficaram dentro da sala de atendimento. “Para completar, o ar-condicionado quebrou e ele saiu da sala xingando, dizendo que não aguentava aquele inferno de gente que tinha lá”, lembrou Márcia, que depois chegou a ser atendida, mas voltou para casa sem diagnóstico e sem receita, porque o médico alegou que não se faz raio X da coluna. O problema de saúde dela e do filho só foi solucionado no Hospital São José. “Lá sim, encontramos médicos maravilhosos, que atenderam a gente bem”, elogiou Márcia.

O diretor do Hospital João Alves Filho, Yure Maia, orientou aos pacientes que foram mal atendidos pelo ortopedista no último sábado, que façam uma denúncia na Ouvidoria. Somente assim é possível que os fatos sejam apurados e que seja dada a entrada em um inquérito administrativo. “É um tipo de prática que a direção não pactua, mas precisa ser feita uma denúncia formal para que possamos investigar o que realmente aconteceu”, esclareceu Yure.

Sindicato

O presidente do Sindicato dos Médicos de Sergipe, José Menezes, disse que os profissionais insatisfeitos com as condições de trabalho devem denunciar ao sindicato ou deixar o emprego, mas nunca tratar mal os pacientes. “Os médicos devem ter boas condições de trabalho. É estressante trabalhar em uma urgência como a do João Alves, que não pára de chegar gente, onde médicos já chegaram a trabalhar 96 horas em apenas uma semana”, justificou Menezes, acrescentando que em relação aos dois casos apurados pelo JORNAL DA CIDADE deve ser aberta uma sindicância, não só pela maternidade e hospital, mas também pelo Conselho Regional de Medicina.

Fonte: Jornal da Cidade

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